A jardineira amarela que passou no estradão
Eu entrei escorregando e agarrei no corrimão
Fui chegando lá pra trás não tinha onde por a mão
Eu sentei lá na rabeira e vim comendo poeira vermelha daquele chão
A viagem foi dois contos e hoje é mais de cem
Naquela estradinha estreita tão cheia de vai e vem
Foi fazendo zig e zag, eu sofri como ninguém
Pelo atalho cortou, até que ela me deixou na estaçãozinha do trem
Aquela mala pequena, meu mundo, minha bagagem
Eu fui no guichê da ponta e comprei minha passagem
Queria sentir o gosto que tem em outras paragens
Quando o noturno encostou, meu coração balançou, testando minha coragem
Naquele vagão de ferro, o destino por capricho
Cheguei na cidade grande assustado que nem bicho
Na minha roupa surrada, ainda tinha carrapicho
A jardineira amarela ficou na imaginação
Nessas ruas sem saída eu fiquei sem direção
Vim do oco da taquara, da gema do areião
Quem passou mata fechada, venceu as encruzilhadas, se perdeu na multidão