Juca Bento foi aquele trapaceiro, valentão e desordeiro que morou na ventania
Era um homem com instinto de maldade, que entrava na cidade só fazendo valentia
Juca Bento um covarde, um pretinho que espancava um menino e falava seu intento
Vou cortar esse bichinho no chicote, quero ver se o pai é forte pra topar com Juca Bento
Juca Bento um diabo em pessoa, era o tipo mais à toa que já pude conhecer
Onde andava só fazia estripulia, obrigando a freguesia beber pinga sem querer
Certo dia obrigou o Zé Pretinho apear de um burrinho e entrar em um armazém
E entrando foi gritando pro vendeiro, traga pinga que o leiteiro hoje vai beber também
O leiteiro quase morrendo de medo, foi dizendo eu não bebo, dá licença vou me embora
Juca Bento percebendo a recusa, disse negro não abusa que eu lhe monto de espora
Zé Pretinho quando se viu sem saída à Senhora Aparecida suplicou com grande fé
E a Santa concedendo aquela graça, fez o copo de cachaça transformar-se em café
Nesta hora o valente destemido, soluçando arrependido de joelhos foi ao chão
Mesmo estando na presença do vendeiro, chorando aos pés do leiteiro implorou o seu perdão
E pagando a despesa foi embora, louvando Nossa Senhora, nunca mais fez valentia
Juca Bento hoje é religioso, homem bom e caridoso e bom chefe de família